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21/12/2019

MÍDIA-MANIPULAÇÃO

Estratégias de manipulação midiática

Ainda que possamos estar pouco familiarizados com seu nome, devemos a Sylvain Timsit uma contribuição importante. No ano de 2002, esse escritor francês formulou as 10 estratégias de manipulação midiática, das quais os poderes políticos e econômicos se valem para controlar de forma massiva os cidadãos. Embora já tenham se passado 18 anos, seu decálogo continua sendo um argumento muito poderoso e vigente atualmente.

Esse trabalho é considerado uma classificação de manobras de manipulação de massas. Seu propósito, segundo o próprio autor, é criar indivíduos dóceis, submissos e obedientes, assim como fazer emergir o capitalismo, a desigualdade e o neocapitalismo.
A publicação de Timsit tornou-se viral em poucos minutos. Sua autoria foi erroneamente atribuída ao escritor norte-americano Noam Chomsky, embora seja verdade que existem certas contribuições do pensamento de Chomsky nos pressupostos, sobretudo em relação à análise crítica do papel da mídia de massa na sociedade. As 10 estratégias de manipulação da mídia enunciadas pelo escritor francês são as seguintes:

Estratégias de manipulação midiática

“Em um estado totalitário, não importa o que as pessoas pensam, desde que o governo possa controlá-las pela força, usando cassetetes. Mas quando não se pode controlar as pessoas pela força, deve-se controlar o que as pessoas pensam, e a forma típica de fazer isso é através da propaganda”.– Noam Chomsky –

1. Distração

O objetivo é distrair e manter a mente das pessoas ocupada. Dessa maneira, os indivíduos acabam se deixando levar pelo que esses meios oferecem. Deixam de questionar por que determinadas informações não são divulgadas e acabam se esquecendo dos verdadeiros problemas sociais.

Manipulação midiática

2. Problema – Reação – Solução

Esse método é equivalente a lançar um “balão de ensaio” na política. Isto é, consiste em testar a população divulgando rumores ou ideias para avaliar como essas seriam recebidas pelos indivíduos.
Seu formato midiático consiste em criar um problema para rapidamente, com base na resposta do público, solucioná-lo e, assim, estabelecer-se como salvadores sociais.

3. Gradualidade

Procura manipular os cidadãos de tal forma que que aceitem decisões socialmente injustas. Isso é feito de maneira progressiva, pouco a pouco e em anos sucessivos.
Por exemplo, se o objetivo é eliminar 80% da equipe de funcionários de uma grande empresa pública, o meio de comunicação dono dessa informação vai incorporando notícias negativas a respeito da mesma (declínio nas vendas, queda na bolsa, rumores de oferta pública de aquisição…). Assim, aos poucos, vai conscientizando e preparando os cidadãos para a “grande notícia”. Se dessem logo o golpe, poderiam provocar uma revolta social.

4. Adiar

Outra estratégia de manipulação midiática de Timsit é a de apresentar as decisões impopulares como “necessárias”, “para um futuro melhor” ou “para o nosso próprio bem”. Fazem com que o público acredite ingenuamente que os sacrifícios dos cidadãos realmente vão resultar em uma notável melhoria futura.
Assim, os indivíduos vão se acostumando a viver de forma insatisfatória, e como efeito do hábito, acabam normalizando suas circunstâncias marginais. No futuro, a população já estará resignada e sem capacidade de demandar aquilo pelo qual lutava em um primeiro momento.

5. Infantilizar o público

Quanto maior a pretensão de manipular os indivíduos, mais se opta por usar um tom infantil. Em muitas ocasiões, os meios se dirigem aos espectadores como se fossem crianças. Usam argumentos, personagens ou entonações doces que tratam as pessoas como se tivessem pouca maturidade ou fossem mentalmente fracas. O objetivo é, como dissemos no início, provocar uma reação também submissa e dócil na população, sem traços de senso crítico.

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6. Apelar à emoção

O aspecto emocional é muito mais potente do que uma reflexão limpa e puramente objetiva. Os meios de comunicação apelam para essa dimensão afetiva e sensível que todos nós carregamos dentro de nós.
Dessa forma, afetam o senso crítico de todos os cidadãos e controlam seus raciocínios. Lembre-se de como o medo é poderoso e de como é capaz de mobilizar as pessoas para uma causa supostamente “maior”.

7. Manter o público na ignorância e na mediocridade

8. Estimular a continuidade da mediocridade

Intimamente ligada com a anterior, essa é uma das estratégias de manipulação da mídia que passa mais despercebida: os programas oferecidos pela televisão correspondem aos gostos dos cidadãos ou são impostos pela mídia? Isto é, vemos o que queremos ou o que querem que vejamos?
Para Timsit, é muito evidente: vivemos hipnotizados pelo consumismo e pela banalidade. Não nos preocupamos em conhecer o que acontece ao nosso redor porque estamos treinados por uma mediocridade complacente.

Mulher nervosa e ansiosa

9. Autoculpabilidade

Ao mesmo tempo em que somos educados na ignorância, os meios de comunicação nos fazem acreditar que somente nós somos culpados por nossas desgraças. E que nossa pouca capacidade nos transforma em pessoas infelizes e fracassadas. Eles buscam que nós incriminemos a nós mesmos e nos culpemos. Assim, inativam a mobilização social.
Para poder controlar, é preciso conhecer, e as oligarquias atuais se encarregaram perfeitamente disso. Para o autor francês, os avanças psicológicos, sociais e tecnológicos permitem às grandes empresas saber como cada indivíduo respira. O “sistema” nos conhece e, graças a esse poder, consegue exercer a manipulação que mais convém a cada momento.
Esse decálogo com as estratégias de manipulação da mídia de Timsit é um dos mais empregados atualmente para estudar os sistemas de poder. Você conhece mais métodos de controle da população em massa que são usados hoje em dia pela mídia?


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