“O CAMINHANTE FAZ O CAMINHO”-PRÓLOGO


O Peregrino do Caminho de Santiago de Compostela sempre encontra muitas “distrações” durante sua Jornada. A proposta é que sejamos mais do que meros viajantes. Que a partir de uma linguagem cuidadosa neste post, possamos despertar ao Peregrino moderno um novo olhar para os Sinais do Caminho. Os sinais podem se apresentar de várias maneiras, e para que não nos “percamos no labirinto” utilizaremos O Jogo da Oca – jogo labiríntico, utilizado como bússola dos peregrinos do Caminho de Santiago.A Oca pode ser um Cisne, lembrando-­nos o cisne de Júpiter e Leda, assim como na mitologia egípcia de Geb, o herdeiro do trono de Hórus…..eram consideradas como mensageiros entre o céu e a terra. 


Para os celtas, também era um mensageiro do outro mundo…..ela é simbolizada através de sua pata, com três traços, como o tridente de Poseidón, o Deus do mar…..Em vários locais do Caminho de Santiago de Compostela encontraremos esse sinal nessa rota iniciática, mas é preciso estar Atento aos Sinais do Caminho. Os labirintos sempre exerceram uma estranha fascinação desde a Antiguidade. O Caminho de Santiago de Compostela é um exemplo perfeito de um labirinto, que foi percorrido por milhões de peregrinos e que continua atraindo, ainda hoje, muitas pessoas. Por quê? Talvez porque seja seu sinuoso caminho percorrido uma metáfora da própria vida? Você já caminhou alguma vez por um labirinto? Podemos afirmar que quando se caminha por um labirinto, temos a sensação de que o passado e o futuro desaparecem, e se sente intensamente o presente.


A HISTÓRIA DO CAMINHO DE SANTIAGO
O Caminho de Santiago de Compostela é uma rota secular de peregrinação religiosa, que se estende por toda a Península Ibérica até a cidade de Santiago de Compostela, localizada no extremo Oeste da Espanha, onde se encontra o túmulo do apóstolo Tiago.


Tiago Maior foi um pescador que vivia às margens do lago Tiberíades; filho de Zebedeo e Salomé, e irmão de João “O Evangelista”. Segundo a tradição, após a dispersão dos apóstolos pelo mundo, Tiago foi pregar o evangelho na província romana da Galícia, extremo oeste espanhol. De volta a Jerusalém, o apóstolo foi perseguido, preso e decapitado á mando de Herodes no ano 44. Seus restos foram lançados para fora das muralhas da cidade. Os discípulos Teodoro e Atanásio recolheram seu corpo e levaram-no de volta para o Ocidente, aportando na costa espanhola, na cidade de Iria Flávia.
LENDA OU REALIDADE?
O corpo do apóstolo foi sepultado secretamente num bosque chamado Libredón. Assim, o local permaneceu oculto durante oito séculos. Uma certa noite, o ermitão Pelayo  observou um fenômeno que ocorria neste bosque: uma chuva de estrelas se derramava sobre um mesmo ponto do Libredón, proporcionando uma luminosidade intensa. Tomando conhecimento das ocorrências, o bispo de Iria Flavia, Teodomiro, ordenou que fossem feitas escavações no local. Assim, no dia 25 de Julho de (provavelmente) 813, foi encontrada uma arca de mármore com os restos do apóstolo Tiago Maior.A notícia se espalhou rapidamente, e o local passou a ser visitado por andarilhos de toda a Europa, a fim de conhecer o sepulcro do Santo. A quantidade de peregrinos aumentava intensamente a cada ano. Nobres e camponeses dirigiam-se em caravanas, caminhando ou cavalgando em busca de bênçãos, cura para as enfermidades, cumprir promessas ou apenas aventuravam-se em terras distantes.

O rei Afonso II ordenou que no local da descoberta fosse erigida uma capela em honra a São Tiago, proclamando-o guardião e padroeiro de todo o seu reino. Em pouco tempo, uma cidade foi erguida em torno daquele bosque, e denominada Compostela. A origem etimológica do nome remete ao latim: Campus Stellae, ou Campo das Estrelas, e assim a junção final: Compostela.No ano de 899, AfonsoIII construiu uma basílica sobre o rústico templo erguido por seu antecessor. Porém, oito anos mais tarde, a basílica foi saqueada pelo árabe Almanzor, que “respeitosamente”, preservou as relíquias do apóstolo. Em 1075, iniciou-se a construção da atual catedral, cinco vezes maior que a anterior.(nota pessoal;no final do post , teremos uma nova versão para ser considerada que inclue, lógicamente, as “armadilhas de interesse da Igreja em criar ícones, ganhar dinheiro e com isso manter as crenças”….continuemos….)

A história do Caminho Espanhol

Do Século XI ao Século XV

A partir do século X, com o progresso da Reconquista, e o crescimento dos territórios cristãos na península Ibérica dando origem a novos reinos que se unem em torno da causa comum, a peregrinação tornou-se mais segura e o número de estrangeiros dirigindo-se a Santiago gradualmente cresce.

Sancho III, o Grande, rei de Navarra (992 – 1035), trouxe para a Espanha a Ordem de Cluny, e com ela a arte românica. Este estilo arquitetônico, com construções gigantescas representando o ideal cristão, está presente em numerosas igrejas do Caminho. Os monges ocuparam todo este território devastado por séculos de guerra, construindo mosteiros e “hospitales” (albergues) ao redor dos quais nasceram novos burgos.Ramiro I , o primeiro rei de Aragão (1035 – 1066), filho de Sancho III da Navarra, criou a infra­estrutura para a rota que vinha de Somport, denominado Caminho Aragonês. Alfonso VI, o Bravo, rei de Castela e León (1065 – 1109), forneceu também proteção real ao Caminho, dando todo apôio a Santo Domingo para conservar as estradas no território castelhano. No ano 1064 Don Rodrigo Díaz de Vivar,El Cid, o herói da luta contra os mouros, chega a Compostela como peregrino. Onze anos depois iniciam­-se as obras para a construção da atual Catedral Compostelana, terminada em 1128. Em 1119 o Papa Calixto reconheceu Compostela como um dos três centros cristãos de peregrinação. O primeiro Ano Santo, em que foi dado o “perdão” aos peregrinos, foi 1126. Os fiéis que iam a Roma eram denominados “romeiros” (de onde nasceu a palavra “romaria” , o ato de ir a Roma), os que iam a Jerusalém eram os “palmeiros” por levarem uma folha de palma, símbolo de sua caminhada, e os que iam a Compostela eram chamados de “peregrinos” , isto é, os que atravessam o campo (per + agro). Em 1179 o papa Alexandre III tornou permanente o Ano Santo.
Do Século XVI ao Século XX
No século XVI decaiu o interesse pela peregrinação. Os exploradores portugueses e espanhóis viajavam por todo o mundo, descobrindo novos oceanos e novas terras. Atrás deles iam não só colonos, mas também comerciantes holandeses e corsários ingleses. E os corsários saqueavam não apenas as terras recém descobertas no Novo Mundo, mas também as costas da Europa. Em 1589 ocorreu um episódio que veio romper a paz de Compostela. Sir Francis Drake, o mais famoso dos corsários britânicos sitiou a cidade de La Coruña. Os sacerdotes que cuidavam do túmulo de São Tiago, assustados com a notícia de que os ingleses já haviam desembarcado nas costas galegas, ocultaram cuidadosamente as relíquias sagradas. E o fizeram de tão secretamente que ninguém mais soube de seu paradeiro por quase três séculos. Durante a realização de algumas obras no subsolo da catedral de Santiago em 1879, as relíquias do apóstolo foram reencontradas, e desde então permanecem expostas ao público. Entre 1946 e 1959, novas escavações descobriram o sepulcro do bispo Teodomiro, do século IX. Mais tarde foram descobertos os restos da antiga necrópole do século I, e as sepulturas de Teodoro e Atanásio, discípulos de Tiago. Gradualmente o interesse pela peregrinação foi se reativando. Em 1982 o Papa João Paulo II tornou-­se o primeiro papa a peregrinar a Compostela. Três anos depois, em 1985, a UNESCO declarou Santiago de Compostela como “Patrimônio da Humanidade”. Na mesma ocasião, o Caminho de Santiago recebeu o título de “Primeiro Itinerário Cultural Europeu”. Em 1988 o governo de Navarra passou a zelar oficialmente pelo Caminho, proibindo o tráfego de veículos motorizados na rota histórica, e a proibindo qualquer construção a menos de trinta metros do trajeto. O fluxo de peregrinos aumentou de maneira mais intensa nos últimos anos. Em 1989 o papa retornou a Compostela e, fazendo um apelo à juventude, conseguiu reunir quinhentas mil pessoas nos arredores da cidade. Em 1990 foram 4.918 peregrinos, em 1991 foram 7.224. Este número subiu para 9.764 em 1992 e continua crescendo.


A ORIGEM DO ANO SANTO
No ambiente cultural e social da Idade Média europeia, a consciência da realidade do pecado e a necessidade de “liberar-­se de sua culpa”, eram sentimentos bem mais concretos e presentes na mente da população do que hoje. Na época medieval eram concedidas indulgências, isto é, o perdão dos pecados, aos fiéis que participavam das Cruzadas, aos que ajudavam a construir um templo, e também a todos aqueles que peregrinavam a um santuário para cultuar as relíquias de um santo. Entretanto havia algumas bulas papais que davam permissão a que pessoas de classes mais altas enviassem alguém para peregrinar em seu lugar. Obtinham assim o perdão “por procuração” , sem precisar realizar pessoalmente a caminhada. O papa Calixto II elevou a cidade de Santiago de Compostela à dignidade metropolitana (sede de um arcebispado) e, em 1119, outorgou à Catedral de Santiago o privilégio do Jubileu Pleníssimo ou Ano Jubilar, mais conhecido como Ano Santo. Calixto II tinha fortes ligações com a Espanha: era cunhado de Dona Urraca, influente e poderosa rainha de León e Castela. Dona Urraca era filha do rei Alfonso VI, e mãe do rei Alfonso VII, dois monarcas espanhóis que muito apoio deram às peregrinações a Compostela.


Além de conceder o Jubileu, o papa declarou a Peregrinação Compostelana como uma das chamadas peregrinações maiores, juntamente com as de Roma e Jerusalém. O primeiro Ano Santo, no qual foi dado o perdão aos peregrinos, foi o ano 1126. O papa Papa Alexandre III, em 1179, decretou perpétuo o Jubileu de Santiago de Compostela. Seu objetivo foi prestigiar o santuário e proporcionar aos fiéis peregrinos um meio de obter o perdão de seus pecados. E em 1332 o Papa João XXII, em Avignon, editou uma bula concedendo indulgência também às pessoas que ajudassem os peregrinos compostelanos com hospedagem ou esmolas. É considerado Ano Santo Compostelano  todo aquele em que o dia 25 de Julho, dia do martírio de São Tiago, cair em um domingo. Além destes, em ocasiões especiais, pode ser declarado um Ano Santo Compostelano extra, como ocorreu em 1885 e em 1938. O Ano Santo Compostelano, portanto, não só é mais freqüente, como é mais antigo que o Ano Santo Romano, que foi decretado pela primeira vez no ano 1300.Tradicionalmente, durante o Ano Santo Romano estão suspensas todas as outras indulgências não ligadas diretamente à cidade de Roma, exceto o Ano Santo Compostelano.
Esta é a relação dos Anos Santos dos séculos XX e XXI: 1909 -1915- 1920- 1926- 1937 1943- 1948- 1954- 1965- 1971 -1976 -1982 -1993- 1999- 2004- 2010- 2021- 2027- 2032 2038 -2049- 2055- 2060 -2066- 2077- 2083- 2088- 2094

O SANTO E SEU NOME-Etimologia
O santo cultuado em Compostela, patrono da Espanha, é Tiago, filho de Zebedeu, também chamado de Tiago Maior. Nascido na Galiléia, Tiago foi desde o início um dos apóstolos mais chegados a Cristo. Foi o primeiro mártir cristão e o único apóstolo cujo martírio é relatado na Bíblia. Ele e seu irmão, o apóstolo João, eram cognominados “Boanerges”, isto é, “filhos do trovão” , talvez por seu inflamado fervor espiritual. Ele e João foram, com Simão (Pedro) e André, os quatro primeiros discípulos escolhidos por Jesus e os que mais de perto acompanharam todos os seus passos. Tiago foi decapitado por ordem do rei da Judéia, Herodes Agripa I, (descendente do rei Herodes que perseguiu Jesus logo após seu nascimento), no ano 44 de nossa era. Entre os Doze Apóstolos de Jesus houve dois com o nome de Tiago. O segundo foi Tiago, filho de Alfeu, também conhecido como Tiago Menor. Este Tiago era também o pai de Judas Tadeu (outro dos apóstolos) e morreu como mártir, provavelmente na Pérsia. Houve ainda um terceiro Tiago que também tornou-­se um santo da Igreja Cristã, cognominado de “Tiago, o irmão do Senhor” , talvez (segundo São Jerônimo) por ser primo de Jesus. Foi um dos líderes da Igreja de Jerusalém no século I e é considerado seu primeiro bispo. Morreu apedrejado no ano 62 por ordem do sumo-­sacerdote judeu. O nome Tiago encerra uma longa história, e talvez seja o nome masculino que mais variações apresenta nos diferentes idiomas dos países ocidentais. De Jacob ou Jacó em hebraico, veio o nome Jacobus em latim. E da expressão latina “Sanctus Jacobus”, vieram os adjetivos jacobeo ou jacobeu, frequentemente encontrados pelo peregrino em referências a aspectos ou características do Caminho de Santiago.

Em latim, as letras I e J tinham praticamente o mesmo som, e era muitas vezes indiferente o uso de uma ou de outra. Portanto o Jacobus transformou-­se em Iacobus, que mais tarde virou Iago ou Yago. Da fusão da expressão Sanct’Iacobus ou Santo Iago, nasceu a palavra Santiago, que posteriormente quebrou-­se em San Tiago, origem do nome Tiago ou Thiago. E o nome alterou-­se também, ao longo dos séculos, em castelhano para Diego e, em português, para Diogo. Em italiano, idioma em J sempre transforma­se em G, o latim Jacobus transformou­se em Giácomo. Na Inglaterra o nome Tiago alterou­-se para James, posteriormente “aportuguesado” para Jaime, enquanto na França sua alteração foi para Jacques. Por este motivo, a concha do peregrino é tradicionalmente conhecida como “coquille de Saint Jacques”, isto é, “conchinha de São Tiago”.(nota pessoal; por estas variações no nome do santo, o peregrino/interessado ou estudioso do assunto que desejar consultar livros em inglês ou francês, deve sempre lembrar­-se de procurar referências a Saint James ou a Saint Jacques, respectivamente. Se incluirmos nesta relação os apelidos Jim, Jimmy, Jack, os derivados Jackson, Jameson, os femininos Jacqueline, Jacobina, etc, a confusão sem dúvida aumentará ainda mais. Vale recordar que os Jacobinos da Revolução Francesa receberam este nome pelo fato de suas reuniões serem realizadas em um antigo mosteiro dos dominicanos localizado na Rue Saint Jacques, em Paris).
AS ROTAS PELOS PAÍSES;O Caminho de Santiago termina geográficamente na cidade de Santiago de Compostela, porém não há oficialmente um ponto de partida, e o peregrino começa sua caminhada onde quiser. As diferentes rotas vêm de locais muito distantes Algumas têm origem na Europa Oriental, na Itália ou nos Países Baixos, atravessam a França e, como rios, vão lentamente confluindo, até se tornarem um só caminho. Há quatro rotas principais vindas da França, que se fundem em apenas duas, antes de entrar na Espanha.


A primeira é a Via Tolosana ou Caminho de Somport, vem de Arles, no sul da França, passa por Montpellier, Toulouse, Oloren, Somport, e continua-­se na Espanha pelo Caminho Aragonês. Esta é a rota mais ao sul, e é a utilizada pelos peregrinos que vêm da Itália. A Segunda, a Via Podense, inicia­-se em Le Puy, passa por Moissac e finalmente chega a Ostabat. É a utilizada pelos peregrinos que vêm da Suíça e da Áustria. A terceira, a Via Turonense, nasce em Vezelay e, passando por Saint-Amand, Limóges, Périgueux, atinge também Ostabat. Esta é a utilizada pelos peregrinos vindos da Alemanha. A última, a Via Limosina ou Vézelay , mais ao norte, vem de Orléans, e passa por Tours, Lousignon e Bordeaux até unir-­se às outras duas em Ostabat. Esta é a rota empregada pelos caminhantes que vêm de Paris, da Holanda e da Bélgica. De Ostabat todas continuam juntas até Saint ­Jean­ Pied ­de­ Port.

A passagem dos Pirinéus representou para os primeiros peregrinos que vieram de terras distantes, um desafio. Hoje permanece como uma das etapas mais difíceis do caminho, mas também uma das mais bonitas… Saint-Jean-Pied-de-Port, é uma bela cidade francesa onde as três grandes rotas Jacobeas (Paris-Tours, Vézelay-Limoges e Le Puy-Conques-foto) convergem e onde mais peregrinos iniciam o seu Caminho, entrando em Espanha por Roncesvalles. Esta cidade de peregrinação de grande tradição mantém uma cidadela fortificada no topo da colina, que foi construído em 1628, e uma cidade velha, situada na sua encosta, que vale a pena visitar.

O Caminho Navarrês ou Caminho Real Francês deixa a França pela cidade de Saint Jean­ Pied ­de ­Port, a 14 km da fronteira, cruza os Pireneus e entra na Espanha na cidade de Roncesvalles, 8 km além da fronteira. A cidade de Puente La Reina, onde os caminhos Navarrês e Aragonês se unem, situa­se a 64 km. Esta é, por motivos históricos, a rota mais tradicional, e quase tudo o que se fala sobre o Caminho costuma ser referência a este trajeto. O Caminho Aragonês, mais ao sul, continuação da Via Tolosana, vem da cidade de Somport, na fronteira entre a França e a Espanha. Bem mais longo que o ramo Navarrês, este caminho atinge Puente La Reina após 152 km de caminhada. É importante que o peregrino não se confunda esta com outra cidade com o mesmo nome, situada 100 km antes da que é ponto de encontro de ambas as rotas.As vias de Paris, Vézelay e Puy reúnem-se no País Basco, junto aos Pirenéus e, após transpor a fronteira, formam o caminho de Navarra. Em Espanha, em Puente la Reina, a via de Arles une-se ao Caminho de Navarra para formar o Caminho francês.
O Caminho Cantábrico ou do Norte, menos tradicional, vem de Bayonne, no sul da Fracruza a Espanha paralelamente ao primeiro, porém seguindo a linha costeira, beirando o mar Cantábrico ou baía de Biscaya. É separado dos caminhos anteriores pela cordilheira Cantábrica, as montanhas que o peregrino tradicional avista do lado norte ao longo de todo o trajeto. Lógicamente, o peregrino que vai pela costa avistará estas montanhas ao sul de seu caminho. Esta rota passa por Bilbao, Gijón e La Coruña antes de chegar a Santiago. Como alternativa o peregrino pode deixar o litoral na altura de Ribadeo, e unir­-se ao Caminho Francês na cidade de Arzúa, a um dia de caminhada até Compostela. Há duas outras rotas, menos conhecidas, ambas vindas do sul, e empregadas principalmente pela população local.

Uma vem de Portugal, o Caminho Português, iniciando­-se na cidade do Porto e, passando por Braga e Padrón, atinge Santiago chegando pelo Oeste e não pelo Leste como as outras. A outra, o Caminho de Salamanca, vem do oeste da Espanha, da província de Estremadura, inicia-­se em Salamanca, passa por Zamora, ou entra em Portugal, passando por Bragança, antes de chegar a Santiago de Compostela.
 
da Rota da Costa do Caminho Português de Santiago na Galícia
O Caminho Português a Santiago de Compostela, percorre sempre próximo à antiga via Romana número XIX do “Intinerário de Antonino”, em diversas ocasiões superpondo-se o seu traçado, através de uma grande depressão meridiana, entrando na Espanha por três pontos:TUÍ,

PORTELA DO HOME e FACES DE ABAIXO.


De todas as passagens, a mais utilizada pelos peregrinos procedentes da região do Porto e a de Tuí, na região da Galícia, após atravessar o Rio Minho , proveniente da localidade de Valença do Minho, situada na outra margem, em território português.Antigamente a travessia entre Portugal e a Galícia na Espanha, era efetuada em barcos até o porto do Penedo a atual praia da Fábrica. Em 1881 foi iniciada e em 1884 finalizada a construção da Ponte Internacional para a estrada de ferro e em 1993 a travessia sofreu melhorias com a construção de uma nova ponte com a finalidade de servir de ligação com a rede de auto-estradas.O seu percurso em direção ao norte, é como se fosse uma linha reta, seguindo quase que paralelamente com as linhas de alta tensão da empresa espanhola de energia elétrica (FENSA) e com a estrada internacional de Valença à Santiago, sendo que algumas vezes se superpondo-se. Passa por caminhos que cruzam bosques, aldeais e cidades históricas. O Caminho é enriquecido pela presença de Capelas, Igrejas, Conventos, Cruzeiros, não faltando a imagem de “Santiago, o Peregrino” para acompanhar e animar o peregrino a continuar a sua jornada.Historiadores tudenses informam que a tradição assinala ter o Apóstolo Santiago pregado em Tuí, ponto de entrada desta rota Compostelana na Galícia, inclusive, teria o mesmo designado um dos seus discípulos, São Epitácio, como primeiro prelado tudense.


UM PONTO TURÍSTICO MEDIEVAL 
Uma visita a Catedral Fortaleza de Santa Maria de Tuí , é uma das obrigações do peregrino que utiliza essa rota, a mesma é um verdadeiro símbolo de um passado espiritual e militar grandioso, é uma obra possuindo dois estilos, o românico e o gótico, sua construção teve início entre os anos 1145-75 seguindo o modelo da catedral Compostelana. Durante a sua construção sofreu várias transformações de estilo, sendo que o seu final, por volta do séc. XIII, já sob o estilo gótico. A catedral possui um belíssimo claustro construído na segunda metade do séc. XIII, cujo estilo foi muito influenciado pela arquitetura cisterciense do mosteiro de Oia em Pontevedra.

 

É o único claustro medieval completo que conserva uma catedral galega, com maior valor por possuir uma sala capitular românica do séc. XII. No seu interior não podemos deixar e apreciar o Nascimento e a Adoração dos Reis Magos e dos Pastores ao Menino Jesus. Ainda no seu interior apesar das alterações sofridas com o tempo, podemos contemplar a Capela de Santiago, a Capela do Santíssimo ou Santo Andrés, e a Capela dedicada a San Telmo, construída a partir de 1769. San Telmo era um dominicano português, protetor dos marinheiros, viveu em Tuí e faleceu em 1240. Nesse local em 1549, o padre peregrino Confalonieri celebrou missa quando efetuava sua peregrinação ao túmulo do Apóstolo Santiago.
Santuário da Virgem Peregrina

Pontevedra é uma das maiores cidades do referido caminho, possui um dos conjuntos históricos e artísticos mais belos da GalÍcia, o peregrino não poderá deixar de visitar o Santuário da Virgem Peregrina (séc. XVIII) situado na praça “a Peregrina”, cuja igreja foi concebida pelo arquiteto Arturo Souto e José Mier em 1778, sua planta tem a forma de uma vieira (concha); o Convento de San Francisco do séc. XII; o Convento de Santa Clara que supõe-se pertencer aos Templários, construído no séc. XIV, com cobertura em madeira e abside heptagonal; às ruínas do Convento de Santo Domingo (sécs. XIV-XV); a Fonte da Ferrería (sec. XVI); a Igreja de San Bartolomeu ou Novo dos finais do séc. XVII; a Igreja Conventual de San Francisco (séc. XIV); o Museu de Pontevedra fundado em 1927 e a Basílica de Santa Maria , A Grande, patrocinada pelo Grêmio de mareantes de Pontevedra no século XVI, onde esta associado a arquitetura gótica com as tendências renascentistas da época, os mestres Juan de los Cuetos e Diogo Gil nela imprimiram as suas contribuições.

(nota pessoal; Todos esses locais estão impregnados de religiosidade e de história religiosa antiga, que mostra como o caminho foi longo e cheio de alinhavos e acordos entre religiosos e autoridades eclesiásticas, motivo pelo qual acabaram tornando este caminho um local de peregrinação religiosa. Não discutiremos as obras , monumentos e catedrais, que tem seu valor histórico e artístico, mas, penso que temos que nos mirar no que significa o caminho para o caminhante que está em sua busca espiritual pessoal, e que resolveu fazer desta peregrinação,uma opção de Caminho. È o que faremos mais á frente)

O CAMINHO DE SANTIAGO E OS TEMPLÁRIOS

Para manter a segurança do Caminho, criou­-se em 1170, em Cáceres, a Ordem dos Cavaleiros de Santiago  cujos cavaleiros eram encarregados da vigilância da rota através da Espanha. AOrdem dos Cavaleiros Templários , um pouco mais antiga, e com a mesma finalidade de proteger os lugares santos, veio também mais tarde proteger o Caminho. Nos séculos XIII, XIV e XV o fluxo de peregrinos chegou a atingir cerca de quinhentos mil caminhantes por ano. Entre estes, vieram São Francisco de Assis  em 1213, a princesa Ingrid da Suécia em 1270, Santa Isabel de Portugal em 1326, Alfonso XI de León e Castela em 1332, Santa Brígida da Suécia em 1340, o pintor holandês Jean Van Eyck em 1430, os reis católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela em 1488, Hugo IV duque de Borgonha, Eduardo I da Inglaterra, Carlos I e Felipe II em 1554. Foi nesta época que a rota principal a partir de Puente la Reina, pelo grande número de estrangeiros (franceses ou vindo até este caminho através da França), passou a ser conhecida como Caminho Francês.

OS CAMINHOS DO CAMINHO
O Caminho de Santiago possui – em sua maior parte – um aspecto medieval. As catedrais góticas e românicas, mosteiros e capelas, castelos e aldeias celtas distribuem-se ao longo do percurso.O apogeu das peregrinações ocorreu nos séculos XII e XIII. As quatro principais rotas tiveram origem neste período. Mesmo partindo de pontos diferentes, todas entravam na Península Ibérica através dos Pirineus. A partir de Puente la Reina o trajeto é o mesmo, com exceção de alguns ramais secundários. As rotas modernas iniciam-se também em cidades como Saint-Jean-Pied-de-Port, na França.A partir do século XIV, houve uma sensível redução de peregrinos que se aventuravam pelo Caminho. Porém, no século XX o Caminho de Santiago foi “ressuscitado” e voltou a ser umas das principais rotas religiosas da história. Atualmente, é comum encontrar os peregrinos modernos, que percorrem o Caminho de carro ou bicicleta, ou simplesmente aqueles que visitam a Catedral e o túmulo do Apóstolo São Tiago.
Geralmente, o viajante carrega consigo uma concha(conhecida também por Vieira) que possui vários significados. Segundo a lenda, um homem percorria o Caminho a cavalo, quando repentinamente o animal disparou em direção ao mar. O peregrino evocou Santiago, e uma forte onda devolveu-o a terra firme. Retomada a consciência, o peregrino percebeu que seu manto estava repleto de conchas. Assim, a Vieira assumiu um significado de proteção, que também está associada ao Graal. Simboliza, para o viajante, absorver a sabedoria e a entidade de Cristo como seu Eu Superior.

Durante todo o percurso, existem albergues instalados em velhas construções medievais, destinados especialmente a atender os peregrinos. Além de hotéis, pousadas, e os próprios habitantes que cedem suas casas como abrigo. O peregrino carrega consigo uma credencial, que deve ser carimbada em igrejas ou no órgão de turismo correspondente ao local.


Munido de um mapa, o viajante também conta com as discretas setas pintadas em rochas, muros e árvores, que funcionam como um guia constante, e evitam que o aventureiro se perca. Ao concluir o Caminho chegando à Catedral de Santiago, o peregrino apresenta a credencial e recebe a Compostelana, uma espécie de certificado de que todo o percurso foi concluído.

AS LENDAS DO CAMINHO-A lenda dourada


Ao passar em frente à Igreja de São Domingo em Pamplona, a decoração de vieiras que aparecem sobre a fachada composta no séc. XVII nos faz recordar a peregrinação. A construção dominicana da mesma realizou-se no lugar onde existia um templo dedicado a Santiago, cuja tradição, remonta sua origem a uma construção de Carlos Magno. Esta circunstância obriga aos dominicanos a manter o templo sob a devoção Jacobea. Edificado no séc. XVI possui um retábulo maior no qual se encontra a imagem do titular, realizado em 1574 por Pierres Picart e frei Juan de Beauves, também representa a história do peregrino que recuperou o burro que necessitava para prosseguir sua viagem, graças a intervenção de Santiago.O milagre que aparece referido no “Líber Sancti Jacobi”, é assim narrado por Jacobo de la Vorágine em seu “Celebre Leyenda Dorada”;

A HISTÓRIA

“No ano de 1100 da nossa era, um francês, sua esposa e filhos empreenderam uma peregrinação a Compostela movidos por um duplo desejo: o de visitar o sepulcro do Apóstolo Santiago e o de fugir de uma epidemia que estava causando enorme mortandade entre as gentes de seu país. Ao passar por Pamplona, se hospedaram em uma estalagem e nela sofreram várias calamidades: faleceu a esposa e o estalajadeiro roubou do marido todo o dinheiro que levava consigo e até o jumento que servia de cavalgadura para os seus filhos. Apesar de todos os infortúnios, o pobre francês reiniciou a sua peregrinação muito penosamente, tendo que caminhar com alguns de seus filhos carregados sobre seus ombros e os outros seguros pelas suas mãos.Em certo lugar do caminho, um homem que ia montado em um burro o alcançou, e ao vê-lo tão encurvado e cansado, se compadeceu dele, acudiu em seu socorro e lhe emprestou o animal para que os meninos pudessem prosseguir sua viagem mais cômodamente. Deste modo o francês e seus filhos conseguiram chegar a Santiago. Acabado de chegar, estando o francês orando ante o sepulcro do Santo, este se lhe aparece e pergunta:

– Me conheces?

O francês respondeu que não. Então o aparecido o disse:

– Eu sou o Apóstolo Santiago, fui eu que sob o aspecto de homem aquele que encontraste no caminho te emprestou o burro para que pudesses chegar até aqui e te empresto novamente para que possa regressar a tua casa cômodamente. Continuando informou: ao passar por Pamplona o estalajadeiro que te roubou, sairá na rua, e na soleira de sua estalagem, se matará e tu recuperarás tudo quanto lhe tirou.O anúncio do Apóstolo se cumpriu exatamente em todos os seus pontos. Contente e feliz chegou o francês a sua terra e a sua casa e, no mesmo momento que apeou os seus filhos do jumento, este repentinamente desapareceu”.( nota pessoal;vê-se aqui, uma lenda, já que é paradoxal, no mínimo, um anúncio destes, vindo de um “santo”)

O MILAGRE DO SANTO GRAAL NO CEBREIRO

Não podemos deixar de aqui nos referirmos ao “Cebreiro”, que é um dos lugares emblemáticos do Caminho de Santiago, está situado a mais de 1293m de altitude e tem sido um dos pontos que vem prestando assistência aos peregrinos desde de tempos remotos. Documentos históricos informam que Alfonso VI, em 1072, confiou a direção do Monastério existente naquela época, aos monges franceses da Abadia de San Giraldo d`Aurillac, que posteriormente passou às mãos dos Beneditinos que a administraram até a Desamortização.No Cebreiro, além das “Pallozas”, se destaca um simples e primitivo templo de “Santa María la Real”, resto do Monastério, de característica pré-românica. Na data de oito de setembro, comemora-se o famoso “Milagro del Cebreiro”. Naquele local quando chega o inverno, a neve faz desaparecer o Caminho e um manto branco confunde o povoado com as colinas brancas que o rodeia.Conta à lenda, que em um dia de muita neve e tormenta, um camponês do pequeno povoado de Barxamayor, subiu com grande sacrifício e perigo devido ao forte temporal que caía, até o alto do Cebreiro para orar a Santa Missa. Um monge leva a cabo a celebração da missa, no entanto fazendo-a com pouca fé, ademais, depreciando o sacrifício do camponês, única pessoa presente. No instante da Consagração, murmura:

“! A qué vendrá éste, con semejante tempestad, si sólo se trata de ver un pedazo de pan y un poco de vino!”, nesse estante a hóstia e o vinho se converteram em Carne e Sangue visíveis a ambos, que permaneceu durante muito tempo sobre o altar. Os peregrinos divulgaram este milagre por toda a Europa. Os anônimos protagonistas desse milagre, o camponês devoto de Barxamayor e o incrédulo celebrante, estão enterrados na mesma Capela dos Milagres.(nota pessoal; novamente vemos a crença religiosa auto-sugestionando as pessoas de fé crédula e sem questionamentos, em busca e ansiando por ver de “milagres”)


O autor em frente ao altar com o cálice no Cebreiro
Atualmente ainda se conserva naquele local o cálice do milagre uma jóia românica do século XII, junto com o relicário que, em 1486, os Reis Católicos doaram quando lá chegaram para contemplar o milagre.A tradição relaciona também o cálice com o Santo Graal das lendas medievais, se trata do último copo da Última Ceia, recolhido por José de Arimatéia e insistentemente procurado pelos Cavaleiros da Tàvola Redonda encabeçados pelo rei Arthur. Neste cálice, José de Arimatéia recolheu o sangue de Cristo na Cruz. A lenda informa que o famoso cálice “se encontra em uma inacessível montanha a oeste da Espanha Gòtica”. Desde o século XV, o símbolo do Santo Graal aparece no escudo da Galícia. O Graal representa o símbolo da pureza moral e da fé triunfante dos heróis cavaleiros e a caridade a serviço dos mais altos ideais do cristianismo.

CURIOSIDADES DO CAMINHO-O CÓDEX CALIXTINO-A PRIMEIRA ROTA ESCRITA
Por volta de 1135 surge a primeira obra escrita que se converte no principal guia aos peregrinos. Um dedicado peregrino francês, o padre Aymeric Picaud, natural da localidade de Poiton – Parthenay-le-Vieux, provávelmente com o apoio da Ordem de Cluny, escreveu cinco volumes sobre a vida de Santiago acrescentando ao texto comentários sobre a sua peregrinação efetuada a cavalo em 1123. Estas crônicas eram intituladas “Liber Sancti Jacobi”, mas pôr serem dedicadas ao Papa Calixto II, passaram a denominar-se de “Códice Calixtino”. Atualmente existem 6 (seis) cópias do referido manuscrito conservado em Compostela, Londres, Paris, Roma, Ripoll e Alcobaça em Portugal.Este Itineraria Compostellana que segue antigos modelos de itinerários à Terra Santa e a Roma, informa das dificuldades do caminho pela sua distancia, pelo seu traçado, por seus riscos, o texto era uma leitura edificante: oração e penitência como caminho de transformação. O itinerário espiritual era mais transcendente, pois o peregrino colocava a sua peregrinação em um processo espiritual em evolução, fechado em si mesmo. Para ser peregrino jacobita de verdade, não era necessário alcançar a meta, a Basílica e o sepulcro de Santiago. Chegar era uma recompensa aos devotos por peregrinar, por isso Compostela ocupa pouco espaço nas descrições com relação às descrições do caminho. Compostela se reduz á Catedral, lugar de orações, conversão, meditação e centro cultural artístico e econômico da cidade. A vida dos seus habitantes se fazia em torno da Catedral e em suas três ruas. Os que morriam ou não regressavam, eram também considerados peregrinos tal como os que chegavam à Catedral.

A peregrinação era uma conversão pessoal e social. Um ideal de um homem novo em atitudes militantes, ativas, que se impunha como as cruzadas, os cavalheiros e os monges cristãos. No século XII este livro era um perfeito exemplo de literatura clerical moralizadora, exemplar e doutrinário .O primeiro volume é uma antologia de hinos e sermões; o segundo uma compilação de milagres realizados pelo Apóstolo; o terceiro outra coleção de histórias relacionadas com a vida do Apóstolo e o descobrimento de sua tumba.O quarto compreende a história de Carlos Magno e de seu sobrinho Roldán, descrevendo como Carlos Magno viu o Apóstolo sobre a via Láctea incitando-o a libertar a Galícia dos mouros, as campanhas de ambos na Espanha no século VIII e uma sucessão de lendas.
O quinto é o mais interessante para nós, é o que se conhece como o “Guia do Peregrino” que descreve através de notas não muito exatas, a sua peregrinação, as principais rotas na França e na Espanha que se unem em Puente de la Reina, as etapas a percorrer, as cidades e povoados, hospitais, restaurantes existentes no caminho, os rios potáveis ou não, informa os principais sepulcros e suas relíquias; descreve as “mirabilia urbis Compostellae” e aos viajantes sobre toda a classe de assuntos.Picaud dividia o itinerário, através do caminho Francês em 13 (treze) etapas perfeitamente delimitadas, cada uma das quais se fazia em vários dias segundo o animo de cada grupo de peregrinos, a uma velocidade média de uns 35 quilômetros diários a pé, ou quase o dobro se fosse a cavalo.Assinala as distâncias entre os povoados, os santuários e os monumentos existente no trajeto, inclui também observações referente à gastronomia, a potabilidade das águas, o caráter das pessoas, os costumes dos povos, assim como um interessantíssimo pequeno vocabulário Basco/Vasco, sendo este de grande importância, por ser o primeiro testemunho escrito da língua de Euskadi ou língua Basca.

A PREPARAÇÃO DO PEREGRINO Á PÉ-A preparação espiritual

Na entrada do refúgio de peregrinos em Grañon, existe uma caixa escandalosamente aberta, deixando antever várias moedas e uma nota de mil pesetas (atualmente acreditamos existir euros na mesma). Sobre a tampa em um pedaço de papel alguém escrevera em uma perfeita caligrafia: “Peregrino, deja lo que puedas; toma lo que necessites”.

Através dessa frase simples e bastante sensível, o escritor anônimo acabava de descrever a profunda diferença que existe entre o Caminho de Santiago de Compostela, de qualquer outro existente no mundo. A hospitalidade e a tradição depositada por milhares de peregrinos através dos séculos, têm feito deste Caminho uma experiência única no mundo.O Caminho está lá e pertence a quem caminha. Qualquer um pode afivelar a mochila e botar o pé na estrada. Se seu sentido de caminhar é espiritual, você poderá achar uma maneira que o coloque nos trilhos, que o ajuda a buscar. É preciso disciplina e dedicação e os benefícios só aparecem com a prática constante, como na ginástica.O primeiro passo na busca é esvaziar-se. Caso você esteja buscando a comunhão com o Plenum Cósmico/ Deus, é preciso deixar espaço para ele entrar. Para isso, nunca desvalorize a simplicidade. Talvez seja interessante criar um modelo. Use-o como inspiração(seja de qual religião voce for) e lembre-se de que é fundamental esvaziar-se, acreditar que existem coisas que estão acima de todas as explicações, acreditar que, na condição de buscador sincero e autêntico peregrino, você está se colocando à disposição de encontrar sua espiritualidade, seja lá o que “Deus ou a espiritualidade”for para você. A partir disso, crie os seus próprios métodos e os seus exercícios, sem jamais perder de vista a intenção de comungar consigo mesmo e com sua centelha interior.


UMA VISÃO ESPIRITUAL DO CAMINHO-uma opinião pessoal
Se acreditar que as práticas que está inventando vão lhe ajudar a se aproximar da sua espiritualidade, estará exercitando a sua fé e o seu poder. Esse é o grande segredo. A vida é tudo que ela contém, por isso é o maior poder que existe. Use-o em favor da harmonia do universo ou estará nadando contra a corrente. Siga o fluxo, dance ao som da música, deixe-se levar. Irá surpreender-se de como as lições virão das coisas mais triviais. Jamais subestime a simplicidade. As mágicas do Caminho de Santiago estão nas pequenas coisas. Surgem como uma fonte de água no meio do mato, ensinam velhos segredos a quem observa o caminhar de uma formiga ou despertam um grande poder em quem contempla com respeito e paciência um galho de uma árvore de avelã. O grande mistério é grande na sua simplicidade e é um mistério para que só os humildes o conheçam. Quanto mais complexo ficamos, mais oculto fica nosso caminho espiritual.

Antes de mais nada é preciso ambientar-se com a rota. Ler sobre a história do Caminho e das peregrinações é importante. Conhecer a experiência de outros peregrinos também pode ajudar bastante. Mas lembre-se: o motivo que o leva a percorrer o Caminho de Santiago é pessoal. Não existe um motivo certo ou errado, adequado ou não, existe o SEU motivo, aquele que é o verdadeiro para você. Existe os que fazem apenas pelo prazer de caminhar, outros por convicções religiosas e/ou por interesses artísticos e históricos existente ao longo do caminho e alguns para realizar uma promessa, não importa o motivo, certo, errado, coerente ou não, o importante é que de alguma forma, ELE VAI MODIFICÁ-LO.Quanto melhor o peregrino se prepara para a viagem, mais perto estará do próprio motivo que o leva a realizá-la. Bem informados, nos sentimos parte da grande cadeia de peregrinos que nos precederam e realizaram plenamente o sonho  deles de percorrer o Caminho de Santiago de Compostela.Algumas pessoas são de opinião que devemos efetuar o Caminho sem nenhum conhecimento sobre o mesmo, que o caminho irá ensinar como proceder perante as circunstâncias encontradas, no entanto, acredito que os que assim pensam, deixam passar despercebido muitas coisas belas que o caminho oferece e ao chegarem de volta aos seus lares, passam a sentir a necessidade de retornar; como o caminho é algo de muito pessoal, deixamos a escolha com o futuro peregrino.



PREPARAÇÃO PRÁTICA
Um guia do Caminho, com mapas e distâncias precisas é necessário e indispensável. No Brasil apesar da dificuldade de encontra-los, já existem livrarias que vendem os mesmos. Enquanto se prepara para a viagem, entre em contato com as“Associações dos Amigos do Caminho de Santiago”  existente nos Estados e informe-se sobre os mais indicados e onde encontrá-los em nosso pais, ou consulte os existentes nas bibliotecas das “Associações”.As etapas normalmente percorridas pelos peregrinos são de 20 a 30 km por dia. Porém, no início da viagem, até que você se adapte e encontre seu ritmo adequado, convém serem programadas etapas mais curtas. Após os primeiros dias de caminhada, você já poderá ir aumentando a distância percorrida em cada dia, pois já estará ouvindo melhor o que o seu corpo tem a lhe dizer. Como aconselhava Madame Debrill, que era a responsável pela recepção dos peregrinos em Saint Jean Pied-de-Port há mais de trinta anos, “O peregrino caminha quanto pode e não quanto quer“. Programe também alguns dias de descanso, mas não muitos. É melhor fazer etapas mais curtas, coincidindo com os lugares que queira visitar com mais calma e descansar sem perder o ritmo.

Consulte a lista de albergues de peregrinos atualizada caso queira utilizá-los. Essa lista está disponível nas “Associações”, contendo ainda uma série de hostes e hotéis existente ao longo do Caminho. Porém informamos, os albergues são exclusivamente para os que peregrinam á pé ou de bicicleta, sem fazer etapas de carro. Não se pode fazer reservas e o acesso só é permitido mediante a apresentação da “Credencial del Peregrino“. Os grupos de peregrinos, com mais de 10 pessoas, devem procurar outros alojamentos fora dos albergues habituais, os quais não comportam um número grande de pessoas. Tais grupos, normalmente auxiliados por carros de apôio que carregam suas bagagens, têm mais meios de hospedagem ao seu alcance. A peregrinação à pé está ao alcance de qualquer pessoa, mesmo que não seja um atleta, sempre que se saiba dosar o esforço em função da idade e das possibilidades físicas. É aconselhável treinar realizando caminhadas cada vez mais longas em sua terra natal e, se possível, com a mochila carregada daquilo que considera “imprescindível“. Assim, você compreenderá que quando o “imprescindível” pesa demasiadamente, ele deixa de ser realmente imprescindível.
FONTE; PARA MAIS INFORMAÇÕES, CONSULTE; GUIA DE PREPARAÇÃO AO CAMINHANTE
Página de dicas  úteis para o peregrino;Dicas sobre o Caminho de Santiago
OS RELATOS- UM PEREGRINO CONTA SUAS EXPERIÊNCIAS-por Virgílio Pereira Júnior
“Fazer o Caminho de Santiago foi como entrar num Túnel do Tempo onde pude reviver os melhores momentos de minha vida. Iniciei minha peregrinação no dia 26 de junho de 2007 (meu Aniversário 55 anos) em Pamplona e o concluí em 26 dias, chegando a Santiago de Compostela no dia do aniversário da minha esposa. Emoção sem limites quando se entra pela primeira vez na CATEDRAL DE SANTIAGO, muita choradeira, uma energia estranha invade as pessoas, assim como a mim, não sei descrever, só vivendo esta emoção.São momentos únicos de Introspecção, imprevistos que me enriqueceram muito minha alma, eliminando meus medos, me levando ao inesperado, onde revivi experiências de toda minha vida anterior ao Caminho e vivi outras pelas quais jamais tinha passado; encontrei pessoas de todas as partes do mundo, mesmo não falando as outras línguas me entendi com elas, fiz amizade com muitos, recebi muitas orientações, ajuda e até mesmo alimentação. Disso tudo, posso compartilhar o que aprendi:

Simplicidade – A VIDA simples é muito mais fácil de se VIVER, não carregar muito, por que tanta coisa? precisamos de pouco, assim o fardo fica mais leve, ficando mais leve vou mais longe, vivi 90 dias na Espanha com 12kg, na Mochila, coisas materiais são apenas materiais da vida nada se leva, apenas amizades, conhecimento e sabedoria
.

Valores e Crenças – Meus valores, minhas crenças mudaram muito, aprendi a não ser dono da verdade; cada um tem a sua verdade, entendo melhor o meu semelhante, e meu lema agora é sempre respeitar a Verdade do Outro.

Limitações – Sei agora das minhas limitações, sei até onde posso ir, e sei que posso, não tem Caminho longo, todos começam com um primeiro passo, e somando todos, faz-se um Longo Caminho.

Tempo – Maravilhoso, precioso, não deixar passar em branco, ficar quieto quando um pássaro vem ao jardim e poder apreciá-lo por um período maior.

Diferenças – Aprendi a conviver melhor com as diferenças, entender melhor o meu semelhante, ouvir o ronco do outro e não reclamar, dormir num Albergue com mais de cem pessoas.

Metas – Viver pequenas metas diáriamente; as pessoas me perguntam como eu consegui andar quase 1000km? respondo; fazendo 25 a 30 km por dia, vivendo cada dia como se fosse o último da minha vida.

Conhecimento – Passar o conhecimento para frente; a Sabedoria, o que adianta morrer comigo? o que só eu sei ou penso que sei, tudo que aprendi no Caminho passo com o maior prazer a quem desejar, para aliviar o seu Caminho.

Medo – Não ter medo, não recuar; depois que descobri o caminho, levei nove anos para fazer, pensando que não conseguiria; depois, vi que foi tão fácil, não tive nem bolha nos pés, não fiquei cansado, a mochila era leve.


Curtir – Curtir os momentos da Vida, não ter pressa, conversar mais com as pessoas que amamos; quando vou a casa de um amigo ou parente não tenho mais pressa de ir embora. Vivo aquele momento, sentar á beira da estrada e comer um sanduíche de salame com queixo e suco e pêssego ou um gole de vinho, não existe lanche melhor.
Cuidar do Corpo e da Alma – Abri melhor minha consciência para as maravilhas que o Universo colocou em minha vida; parar, olhar para trás; ás vezes a paisagem é muito mais linda que a da frente.

MAIS UM PEREGRINO CONTA SUAS EXPERIÊNCIAS-UM CAMINHO DE PEDRAS OU FLORES-por Alex Possato

“A jornada do Caminho de Santiago mal começou. São muitos e muitos quilômetros para ficar só, com meu corpo e minha mente. Lógico que tenho uma boa companhia, a Luciana. E também centenas de outros peregrinos do mundo inteiro, todos no mesmo intuito de chegar à Santiago de Compostela. Conheci um americano que busca, aparentemente, performance. Consegue realizar cada trecho em metade do tempo que nós, pessoas mortais. Um brasileiro quer o desafio. Vejo casais, da mesma idade que eu e Luciana, pessoas mais idosas, sós ou em grupo, um pai e mãe com seu bebê, num carrinho adaptado para trecking, meninos e meninas que vieram se divertir, e talvez um ou outro com objetivo espiritual. Aí eu me pergunto: O que eu estou fazendo aqui? Qual foi o chamado que ouvi, lá nos idos de 2000, quando o Diário de um Mago me inspirou a fazer esta jornada? Dois trechos percorridos, algumas dezenas de quilômetros depois, não posso precisar. Passo por uma fase profunda de transformação pessoal. Sempre persegui o sonho da liberdade. Do bem estar. Da prosperidade. Da vida alegre. E também tenho que dizer que, por mais que eu tivesse liberdade, bem estar, prosperidade, vida alegre, não soube aproveitar. Vejo no caminho, que a questão não é ter ou não ter liberdade. Prazer. Dinheiro. Saúde. A felicidade não está nas coisas que ansiamos, nem no afastamento daquilo que repelimos. Passo por paisagens belíssimas, mas às vezes a tendinite que começa a atacar os joelhos e tornozelos, a dor atroz na panturrilha e músculos adutores, o vento que chega a deslocar o nosso corpo alguns metros, impedindo uma caminhada ereta e tranquila, transforma a mente num vespeiro insandecido.

Onde está a beleza? Outras vezes, eu estou bem, mas fico imaginando se minha companheira está bem… Onde está a paz? Percebo outros caminhantes com bastante dificuldade. E outros com enorme facilidade, como quem anda por uma esteira ergométrica. Os que estão bem físicamente, estão bem, mentalmente? E aqueles que estão com dores insuportáveis, como eu estive em alguns momentos, podem estar com a mente tranquila? O inferno está em ficar preso às definições do que é belo, do que é saudável, do que é adequado… E a partir disso, combater o que é feio, insalubre, inadequado… Sim, meu corpo dói… E daí? Minha mente é confusa e inconstante. E daí? Em algum cantinho, bem quietinho, há um espaço sagrado de silêncio e paz… que não depende do meu querer ou não querer, fazer ou não fazer. Que posso acessar em qualquer instante, esteja eu andando entre flores, ou pisando pesadamente na lama… Creio que esta é a paz, que está acessível a qualquer um, em qualquer caminho do mundo… Aí, pedras ou flores são somente detalhes que enfeitam um caminhar rico de experiências e vida vibrante…“Eu descanso caminhando”, me disse uma senhora de 78 anos de idade, que já havia feito o caminho de Santiago duas vezes, e estava ao meu lado, passo a passo, continuando, fazendo a parte que o Universo lhe concedeu como dádiva. Honrando o seu corpo, que já apresentava os sinais do cansaço, das dores e da velhice… Mas lá estava ela, continuando, continuando…
O ESCRITOR PAULO COELHO FALA SOBRE O CAMINHO DE SANTIAGO

Os dois livros principais de PAULO COELHO-SITE OFICIAL que estão inseridos no Caminho de Santiago são dois; O DIÁRIO DE UM MAGO E O ALQUIMISTA.

Em O Diário de um Mago, narra suas aventuras percorrendo o estranho Caminho de Santiago . Movido pelo desejo de encontrar a Espada Mágica, que não conseguiu obter durante um ritual na Serra do Mar, Paulo se envolve em aventuras e desventuras com seres de carne e osso e do além. A viagem á pé pelos 700 Kms que separam as duas cidades, é pretexto para a descoberta do Verdadeiro Conhecimento. Para isso conta com a ajuda de Petrus, seu guia espiritual, designado para acompanhá-lo. Ao longo do caminho uma série de peripécias, como duelos com o Demônio e outras forças que procuram afastá-lo do objetivo, dá a oportunidade para que o Guia e o Aprendiz travem diálogos. onde o autor revela sua Sabedoria Pessoal. Durante a história, o Guia vai ensinando alguns exercícios exóticos, como o ritual do mensageiro, o exercício do enterrado vivo e o da audição, entre outros. Essa “culinária mística” é oferecida à parte em páginas destacadas, onde o autor descreve seus passos para que o leitor possa participar.
O Alquimista conta a história de um jovem pastor espanhol que é acossado por um insistente sonho. Depois de decifrar revelações de uma cigana vidente e do Rei de Salém, vai ao norte da Àfrica e atravessa o deserto em busca do seu Tesouro. Nessa viagem ele conhece o Amor, a Linguagem do Mundo e um Alquimista que vai ajudá-lo. Novamente a peregrinação tem o objetivo de revelar segredos esotéricos ao alcance do homem comum. Ele é escolhido para sofrer provações de toda sorte, antes do desfecho final. O Aprendiz dialoga com o Mestre Alquimista e chega a conversar também com o deserto, o vento, o sol e outros companheiros de viagem.
(nota pessoal;nos dois livros, Paulo Coelho refaz trajetórias históricas e religiosas. São interessantes as informações que traz sobre fatos e acontecimentos do passado. No plano das idéias são colocados no mesmo caldeirão padres, bruxos, malucos, pastores, santos, cavaleiros medievais e filósofos, entre outros. A linha central que une toda essa turma é o Eterno Retorno, explorada por Niezstche no século passado. É preciso cumprir a missão da travessia e chegar enfim ao início. Mais uma vez o “dejá vu”, parece que os anos setenta estão mesmo na moda. Voltar é o que há.No mais, penso que a verdadeira qualidade de Paulo Coelho é conseguir de fato entrar em sintonia com a expectativa do grande público. As pessoas andam interessadas no aprimoramento pessoal, a partir da descoberta de suas energias interiores. Ele nos convoca: todos podemos ser magos. Essa é sua Verdade e Virtude. O leitor de Paulo Coelho se confunde com os personagens e o narrador, especialmente quando este se apresenta como um homem comum vivendo uma aventura extraordinária.)
AFINAL, QUEM ESTÁ SEPULTADO NA CRIPTA  DA CATEDRAL DE SANTIAGO? O MISTÉRIO QUE RONDA O CAMINHO


No tímpano do Pórtico da Glória, vê-se no centro, Cristo, por debaixo dos seus pés, Tiago. Cristo é rodeado pelos quatro evangelistas e por cima, os 24 velhos do apocalipse tocando música.Milhares de peregrinos vem assistir todos os anos o Santo de Compostela. Mas não parece ser o apóstolo Tiago , que repousa na catedral. Vertente política, cultural e turística, mantém vivo o mito do santo padroeiro da Espanha.


A suposta ossada de Santiago Zebedeu que se encontra na catedral, ficou perdida  durante três séculos após sua redescoberta em 1879, e foi dado á um grupo de cientistas que só pode certificar de que eram muito antigos os restos humanos. Alguns argumentaram que realmente quem detém o túmulo da Catedral de Santiago é o corpo de Prisciliano, bispo místico e herege do século IV, executado em Trier, o local de nascimento de Karl Marx. Mas esta suposição sofre da mesma falta de rigor da doutrina oficial. Não há uma única testemunha que  afirme que a Lenda de Santiago é verdadeira o filho do trovão, evangelizador da Espanha, guerreiro feroz contra os infiéis muçulmanos e origem de um mito religioso que tem resistido onze séculos para levar a um fenômeno entre espiritual, mágico, turístico, cultural e festivo.Durante anos   milhares de pessoas  desfilam diáriamente, com uma mistura de reverência e curiosidade,  para ver a cripta onde a urna de prata que abriga as relíquias. Muita pompa e fervor ,que tanto a inspiração mitológica institucional já admitem que isso tem pouco a ver com as convicções religiosas – fatos não comprovados . Ou, se preferir, em referências históricas vagas desprovidas de valor científico.Fernando Lopez Alsina , professor de história medieval da Universidade de Santiago, diz que, a lenda do túmulo do Apóstolo ” incluem tanto a descoberta quanto a invenção ” . Descoberta ou fábula , os resultados são igualmente fantásticos : a chamada do túmulo de Compostela provocou um dos maiores movimentos de massa do Cristianismo(?!) , que, como observou Dante, deu origem à palavra “peregrino” e , de acordo com Goethe, foi o fato  social que levou ao nascimento da noção de identidade européia.Para sustentar o mito, era necessário justificar como  poderiam chegar lá, os restos de um personagem que a Escritura deu por morto em Jerusalém. A partir desta necessidade, nasceu a fantástica história dos sete discípulos de Santiago , que coletaram seu corpo na Palestina, embarcaram e deixando-se guiar pela Providência , chegaram em Iria Flávia ; há dragões que foram enfrentados , bois selvagens e as astutas ciladas do governante do lugar ,a Rainha Lupa , um pagão que se converteu ao longo do Caminho à mensagem de Cristo  e três dos discípulos foram mortos e enterrados na Galiza para Santiago.


Nos três séculos seguintes , os sucessores de Teodomiro ,os bispos  Diego Gelmírez e Diego Pelaez , exploraram o achado para espalhar a notícia por toda a cristandade e construir um centro urbano em torno do mausoléu. As peregrinações começaram a crescer desde o final do século X , quando o Papa Leão escreveu uma carta á todos os reis cristãos , falando da descoberta e dando a localização(?!). E a lenda é alimentada contínuamente com episódios mais ou menos distorcidos : Carlos Magno vai visitar Santiago após um anjo aparecer para ele em um sonho, em uma viagem seguindo o rastro da Via Láctea .Seguindo um  erro histórico, o filho do trovão retornou ele mesmo dos mortos , montado em um cavalo branco e ajuda a derrotar o exército de Ramiro I e 70 mil muçulmanos na Batalha de Clavijo – sempre o inimigo infiel e o líder islâmico Almanzor, que pilharam Compostela , mas não se “atreveram” a tocar o relicário(?!)A memória de Almanzor e o arcebispo Juan de San Clemente ainda estavam muito presentes no século XVI, quando navios ingleses, comandados por Sir Francis Drake, arrasou La Coruña em resposta à tentativa de invasão da Inglaterra pela Armada Espanhola. San Clemente ordenou esconder as relíquias, que ainda eram “secretas”, enterrando atrás do altar principal da catedral. Nos próximos 300 anos, ele recusou o fenômeno das peregrinações e, sem saber exatamente como, a  memória do ocorrido se perdeu.  No final do século XIX, infectado com o novo espírito científico, as autoridades da Igreja ordenaram as escavações no templo. Uma noite, em janeiro 1879 veio a segunda descoberta dos restos de Santiago,onde foi encontrada uma caixa de pedra contendo um ossuário. Uma comissão científica da Universidade examinou os resultados e concluiu que os ossos eram muito antigos e pertenciam a três pessoas diferentes. Não havia dúvida: era o Apóstolo com dois dos seus discípulos.(?!)
A Igreja chegou a se sentir confortada em 1955, quando um novo ciclo de escavações descobriu a lápide do Bispo Teodomiro , o descobridor original do túmulo apostólico , que alguns historiadores consideram uma  fábula. Desde então, nem o materialismo da época apaga  uma lenda que, para além das velhas histórias , agora é baseada em um galpão político, cultural e turístico. Como na Idade Média , Compostela tornou-se novamente um destino para milhões de visitantes,a quem parece importar muito pouco a origem das relíquias exibidas na catedral.(nota pessoal; Os tempos mudam , mas não o suficiente para saciar a sede de homens- mito.)
(FONTE-EL PAÍS DIGITAL).
O LIVRO POLÊMICO DE ALBERTO SANTOS SOBRE QUEM PODE ESTAR SEPULTADO NA CATEDRAL DE COMPOSTELA-excerto do livro de autoria de Alberto S. Santos;
E no preâmbulo está descrito o seguinte:

“Ao longo dos tempos, um inquietante enigma paira sobre Santiago de Compostela: a quem pertencerão os restos mortais que ali se cultuam?

Na verdade, Tiago Zebedeu foi o primeiro dos apóstolos a ser martirizado, em Jerusalém, onde foi sepultado. É o único cuja morte vem documentada na Bíblia, no ano 44.

Contudo, oito séculos depois, nasceu na Galiza uma prodigiosa lenda, após as visões de um eremita que viu luzes estranhas num bosque, enquanto se ouviam cânticos de anjos (por volta do ano 820). O bispo Teodomiro de Iria Flávia (atual Padrón) visitou o lugar e encontrou uma velha tumba com restos humanos e atribui-os ao apóstolo Tiago e a dois dos seus discípulos. A lenda floresceu e, mais tarde, ampliou-se, com a menção de que o corpo viajara miraculosamente num barco de pedra, guiado por anjos, ao longo de sete dias, até à referida Iria Flávia. Segundo a mesma, ali foi desembarcado e levado até à atual Compostela. Assim, durante quase oitocentos anos, existiu um vazio sobre a veneração do corpo de Santiago de Compostela.

Porém, uma outra perturbante tradição, mais bem documentada, narra que, no final do século IV, chegou pelo mar a Iria Flávia o corpo do líder de um movimento carismático e espiritual com forte implantação popular na Hispânia romana e os de dois homens que o seguiam, decapitados pela sua fé. Dali, terão sido trasladados para o seu sepulcro, acompanhados por uma multidão de seguidores. O povo imediatamente atribui-lhes fama de santos e mártires e passou a fazer devoção, peregrinação e os juramentos mais solenes sobre os seus túmulos, invocando o seu nome. A força do movimento perdurou na Galécia até à chegada dos muçulmanos, apesar dos sucessivos concílios e ações para o exterminar.

Durante muitos séculos, o líder do movimento foi considerado um herege pela Igreja. Porém, as recentes descobertas dos seus escritos (em Würzburg, Alemanha) vieram pôr em causa a justiça da perseguição e do esquecimento a que foi votado durante cerca de mil e seiscentos anos. E reputados autores e historiadores passaram a perguntar-se: Afinal, quem está sepultado em Compostela? E se o culto que ali se presta for o maior paradoxo da história do ocidente? Como começou esse culto? E outros a questionarem-se: Qual o sentido das peregrinações a Compostela?

E nos agradecimentos finais, depois de referir familiares, colaboradores e o pessoal da editora, termina assim:

“O segredo de Compostela termina de ser escrito precisamente no dia em que foi escolhido um novo Papa – Francisco. Mais do que o sobressalto de Compostela poder encerrar um dos maiores paradoxos da cristandade, este livro procura trazer à reflexão e ao debate do cidadão do século XXI questões tão atuais agora como no século IV, quando o Cristianismo se tornou na religião oficial do Império Romano. Desde a eterna tensão entre a Igreja pobre e carismática dos primeiros cristãos à Igreja histórica que se construiu na sequência dos sucessivos dogmas, do papel da mulher na Igreja e na sociedade e dos vícios de uma instituição feita de homens, onde se projetam as faces da fragilidade da condição humana.

Assim, dedico este livro a duas pessoas:

A Egéria, intrépida peregrina dos finais do século IV, que viajou desde a ponta oeste da península ibérica até à Terra Santa e, que desde tão longínquos lugares, escreveu àqueles que deixou na sua Galécia natal. As cartas desta mulher esquecida da nossa terra representam o segundo testemunho escrito de uma peregrinação ao oriente e o primeiro que se conhece redigido por uma mulher. É ainda o texto latino mais antigo que se pode atribuir ao território ocidental onde se encontra atualmente Portugal e é um testemunho da evolução das línguas romances.

E, claro, a Prisciliano, um homem que viveu fora do seu tempo. Criou um forte movimento espiritual que se difundiu em toda a península ibérica e que perdurou durante séculos. Quiçá, ainda se encontram resquícios do priscialianismo na espiritualidade do noroeste peninsular. Este homem, perseguido pela sua Igreja, como herege, espera há muito um pedido de desculpas pelos males que lhe infligiram e aguarda serenamente a sua reabilitação. Possa este livro contribuir para que tal aconteça, finalmente”.

A hipótese de se tratar do túmulo de Prisciliano e dos decapitados de Tréveris (antiga Augusta Treverorum), que se encontra em Compostela, vem sendo assinalada ao longo dos últimos tempos, por vários respeitáveis autores, pensadores e historiadores, como Duchesne, Unamuno, Sanchéz Albornoz, Chadwick e Chocheyras. Para os interessados aqui ficam as obras mais relevantes.Consultem a nossa bibliografia para maiores informações e esclarecimentos.
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NOTA; A colaboração deste excerto do livro de Alberto S. Santos-O Segredo de Compostela- e do vídeo, nos foi gentilmente cedida pelo nosso leitor Àlvaro Barria Maio, diretamente de Portugal.À ele, nossos mais sinceros agradecimentos.
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“Quem corre atrás da magia quer um caminho para atingir os seus sonhos. Eternamente a buscar as fontes que o possam ajudar a descobrir o enigma das coisas, o espírito humano beneficia de todas as luzes que rasgam a noite dos seus mistérios. Assim, o Diário de um Mago é um presente valioso que nos foi dado a todos e (…) não pretende ensinar-nos nada- ou quase nada (…) é uma promessa de que qualquer um pelo seu pé e pelo seu passo é absolutamente capaz de fazer o seu Caminho, de atingir o seu Sonho e conquistar a sua Espada.”


(nota pessoal;O Diário de Um Mago é uma fascinante parábola sobre a necessidade de se encontrar um caminho na vida e, finalmente, descobrir que o extraordinário está no caminho das pessoas comuns).
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CONCLUSÃO E NOTA DA “LUZ É INVENCÍVEL”-uma metáfora sobre o Caminho e a vida
Domesticada, a mente vira o servo. Algo superior comanda, e ela obedece. Humildemente. É neste estágio que “as coisas começam a acontecer”. Sútilmente, tudo “começa a dar certo”. A velocidade entre aquilo que você traça como meta e a resposta que o Universo lhe dá é surpreendente. Tomar posse do poder criador que o Universo nos concede, vem através de exercício: mente, corpo e espírito precisam estar totalmente alinhados com o Plenum Cósmico/Deus/ Criador. Domesticar nossos pensamentos e emoções, controlar a própria energia e acessar a intuição é um caminho longo, de acertos e erros. Não há outra forma. Quando começamos a nos perceber dominando-nos dentro do Caminhar, tem ganhos, mas o ganho não tem mais tanta importância, porque o nosso trabalho é continuar a caminhar.Não nos enganemos. Este mundo possui desafios, assim como a caminhada possui pontos bem difíceis. Mas todos estão aptos a caminhar.Essa matéria pode nos fazer compreender alguns aspectos que nos passam despercebidos no dia á dia; Percebemos que o corpo, enquanto andamos, tem o seu ritmo. Ele se move, do seu jeito, no seu passo. O problema surge porque a mente não está andando “de mãos dadas” com o corpo. Não respeita seu próprio ritmo, fica se comparando com os outros, deixa-se dominar pelas emoções distorcidas, seja o medo que paralisa ou a euforia que nos faz exagerar e nos perder. Se abate pela preguiça e pelo cansaço. Quer fugir das dores inevitáveis da jornada. Não respeita as lideranças nem as ordens dadas no Caminho. A mente “se acha”.Assim, é exatamente esta mente que precisa buscar a reconexão com a Fonte. Buscar centrar-­nos na parte interna que está em equilíbrio, conectada com o corpo, com o espaço ao redor e com os companheiros do Caminho. A nossa vida nada mais é do que uma jornada de retorno ao Plenum Cósmico/Deus/Criador… que está dentro de nós. É preciso ultrapassar a barreira que a própria mente cria, seja porque teceu fantasias á respeito  Dele, do bem e do mal, ou vive com tantas neuras que não consegue perceber a perfeição de tudo e de todos. Acreditamos firmemente que o mais importante é servir e caminhar. Cada um do seu jeito. Cada um no seu passo. Cada um com seus dons e talentos. Basta caminhar. A paisagem é muito bela. E os companheiros que estão caminhando são lindos. Todos eles.
ESSA É A ESSÊNCIA DO CAMINHO DE SANTIAGO DE COMPOSTELA
EQUIPE DA “LUZ É INVENCÍVEL”
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Bibliografia para consulta
1- Saint Jacques en Galice
Duchesne, L;Annales du Midi, Toulouse, 1900
2-Andanzas y visiones españolas
Unamuno, M.,Madrid, 1929
3- España ante la historia
-Sanchéz Albornoz, C.Buenos Aires, 1958
4-Prisciliano de Ávila. Ocultismo y poderes carismáticos en la Iglesia primitiva
Chadwick, H;Madrid 1978-
5- Saint-Jacques à Compostelle
Paris, 1985
6-O Segredo de Compostela
Alberto S. Santos
7-O diário de um Mago
Paulo Coelho
8-O Alquimista
Paulo Coelho
9-Guia da Peregrinação Sagrada
Anna Sharp e Vera Scarpa
10-Compostela
Beto Colombo e Manoel Mendes
12-O Caminho de Santiago
Paulo Coelho
13-Santiago de Compostela-Descobrindo novos Caminhos
Yolette Barboza
14-O Caminho
Shirley MacLaine
15-Guia do Viajante do Caminho de Santiago
Daniel Agrela
16-O Caminho das pedras
Auro Lúcio Silva
17-Santiago de Compostela-Mistérios da rota portuguesa
Vítor Manuel Adrião

 Nota;alguns livros estão  estão disponíveis na nossa Biblioteca

Divulgação: A Luz é Invencível

Fonte: https://portal2013br.wordpress.com/

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