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24.7.22

O agronegócio no Brasil: onde chegamos.

Por: Luiz Antonio Soares

Fonte de pesquisa: 

https://blog.climatefieldview.com.br
https://febrapdp.org.br
http://www.cnpt.embrapa.br/pesquisa/agromet/pdf/trigo_historia/cap5.pdf

Responsável por 26% do PIB em 2020, o agro do país investe em tecnologia para se manter entre os maiores exportadores mundiais de alimentos e fibras através da modernização da produção agrícola.

Colheitadeiras
Agronegócio
A safra de grãos 20/21 do Brasil deve bater recorde: 133,7 milhões de toneladas
Como está o agronegócio no Brasil?

O agronegócio brasileiro se supera ano após ano, posicionando o país como uma das potências mundiais do setor e grande produtor e exportador de diferentes produtos, como soja, milho, celulose, café, carne bovina e de frango, açúcar e suco de laranja.

O agronegócio brasileiro se supera ano após ano, posicionando o país como uma das potências mundiais do setor e grande produtor e exportador de diferentes produtos, como soja, milho, celulose, café, carne bovina e de frango, açúcar e suco de laranja.

Mas nem sempre foi assim! O Brasil se consolidou como um player global nesse setor nos últimos 25 anos.

Conheça, nesse artigo, a história do agronegócio no Brasil, as intensas transformações que o setor passou nos últimos 50 anos e o que se pode esperar para o futuro do agro com a modernização da produção agrícola.

A origem da agricultura no Brasil.

A história da produção agrícola no Brasil começou pouco depois da chegada dos portugueses. Teve início na região Nordeste, no século XVI, com o cultivo da cana-de-açúcar.

As primeiras mudas chegaram ao Brasil em 1933. Eles acreditavam nas palavras de Pero Vaz de Caminha, que dizia: “aqui se plantando, tudo dá”.

Só a partir do século XVIII começou a atividade cafeeira. Essa cultura, importante para o agronegócio no Brasil, propiciou o desenvolvimento de diferentes regiões, sobretudo a partir do século XIX quando o café passou a liderar as exportações, logo após o declínio da mineração.

Mas a atividade começou a entrar numa crise global por volta de 1900, provocada principalmente pela queda dos preços da saca do grão no mercado internacional. Processo que levou o Brasil à maior diversificação da atividade agrícola.

Essa mudança ganhou força principalmente a partir da década de 1940, com o aumento da urbanização do país e a necessidade de maior produção de matérias-primas.

Cafezal
Cafezal

Desde o Século XVIII a cafeicultura tem grande importância econômica para o Brasil

A modernização da agricultura brasileira.

Apesar do início da diversificação, a agropecuária brasileira não apresentava muita inovação em meados do século passado. Prevalecia o trabalho braçal. Naquela época, menos de 2% das propriedades rurais contavam com máquinas agrícolas.

Faltavam conhecimentos sobre solos e variedades, eram escassas as recomendações de manejos e as tecnologias da informação eram quase desconhecidas no campo.

O resultado era o baixo rendimento por hectare e pequena produção, que passou a ser insuficiente para atender à demanda interna, num período de industrialização e crescimento populacional.

O agronegócio no Brasil iniciou uma fase de modernização entre 1960 e 1970. Um marco foi a criação da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em 1973, que, com o tempo, estabeleceu unidades de pesquisa em diferentes regiões do país, trabalhando com variadas culturas.

Centro de Pesquisa
AMPRAPA
A Embrapa Soja foi criada em 1975, no Campo Experimental de Londrina (PR)

Fundacep - Cruz Alta/RS
Fudacep - Cruz Alta
Fundacep - Cruz Alta/RS

Matéria, completa, a respeito:

Plantio Direto

Em 23 de julho 1992, reuniram-se em Cruz Alta/RS, representantes de várias entidades ligadas ao Sistema Plantio Direto (SPD) para fundarem uma instituição de caráter nacional que as representasse. O Clube da Minhoca de Ponta Grossa virou a Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha que nasceu para congregar e representar as associações que estimulem e difundem o Sistema Plantio Direto.

Plantio direto
Cruz Alta/RS


Plantio direto
Cruz Alta/RS


Plantio direto
Cruz Alta/RS

Após 26 anos de existência da FEBRAPDP, houve um incremento de 1 para 32 milhões de hectares sob o SPD, período no qual foi sendo adaptado à tração animal, à agricultura familiar e ao cerrado. Espalhou-se rapidamente pelos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso e todo o Brasil, e nos países vizinhos Argentina, Paraguai, Uruguai e outros Foi o SPD que permitiu a expansão do calendário agrícola e viabilizou a safrinha, as propostas de integração lavoura pecuária e integração lavoura pecuária e floresta (ILP e ILPF). Na sequência surgiram as plantas de cobertura para manter o solo coberto permanentemente o ano todo e reconheceu-se a importância da rotação de culturas como essencial, culminando no atual conceito de Sistema Plantio Direto (SPD).

Esse foi um passo fundamental para fomentar a reestruturação produtiva no campo, por meio da incorporação de tecnologias e da expansão agrícola para novas fronteiras, como o Cerrado.

Um dos frutos desse processo de desenvolvimento do agro brasileiro foi a adesão a métodos agrícolas que melhoram a qualidade do solo.

A adesão a boas práticas agronômicas possibilitaram realizar o plantio sem precisar revolver o solo, rotacionando culturas e utilizando da palhada como cobertura. O Sistema de Plantio Direto (SPD) passou a ser adotado no país, que hoje é referência mundial nessa prática.


Plantio Direto
Plantio direto
O Sistema de Plantio Direto trouxe vários benefícios para agricultura brasileira

Com o avanço da engenharia genética e a chegada das biotecnologias, muita coisa mudou no melhoramento. O desenvolvimento de novas cultivares com diferentes atributos genéticos ficou mais preciso, eficiente e, eventualmente, mais rápido.

Como o caso da primeira soja geneticamente modificada, a Soja RR (Roundup Ready), tolerante ao herbicida glifosato. Flexibilizando muito o manejo das plantas daninhas no campo.

Também foi desenvolvida a biotecnologia Bt, permitindo que cultivos, como os de soja e milho e algodão, estivessem protegidos do ataque de pragas chave, como lagartas desfolhadoras.

O campo também assistiu outros avanços, como o desenvolvimento das defensivos agrícolas mais seguros e tecnológicos, de máquinas e implementos, de melhores práticas de manejo, de técnicas de irrigação e adubação.

Milho
Milho

Em 2019 o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e tornou-se o maior exportador mundial de milho

Qual a importância do agronegócio no Brasil?

Os fatores que impulsionaram a modernização da produção agrícola nacional e o resultado da incorporação dessas inovações tecnológicas, fizeram o setor dar um salto no país entre 1975 e 2017. A produção de grãos, que era de 38 milhões de toneladas, cresceu mais de seis vezes, atingindo 236 milhões, enquanto a área plantada apenas dobrou. Esse desenvolvimento consolidou o agronegócio no Brasil como um dos pilares da economia do país.

De acordo com cálculos do Cepea, em 2020 o segmento alcançou participação de 26,6% no Produto Interno Bruto brasileiro, contra 20,5% em 2019. Em 1970, a participação do agro no PIB era de 7,5%.

O avanço do setor é evidente quando se compara o crescimento da produção em relação à área ocupada pelo agribusiness. Basta conferir o rendimento médio (quilos por hectare) das lavouras de arroz, feijão, milho, soja e trigo, entre a década de 70 e os anos 2000.

Destaque para os aumentos de rendimento de 346% para o trigo, de 317% para o arroz e de 270% para o milho, segundo a Embrapa.

A revolução agrícola dos últimos 40 anos teve um grande efeito transformador na sociedade brasileira e é, de acordo com a CNA, o fato mais importante da história econômica recente do Brasil.

Trigo
Soja

O avanço da agricultura brasileira para novas fronteiras, como o cerrado, permitiu ao país alavancar a produção de alimentos

Qual é a importância do agronegócio brasileiro no exterior.

O Brasil é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, ficando atrás apenas da China e dos EUA. Além disso, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), só em 2020, o Brasil exportou comida para mais de 180 países. Confira o desempenho brasileiro em alguns deles.
SOJA

Recentemente o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e passou a ser o maior produtor e exportador mundial de soja, que é uma das principais commodities do mundo.

Na safra 2019/2020, após bater recorde de produção do grão (cerca de 125 milhões de t), o Brasil embarcou 70,7 milhões de toneladas, tendo a China como principal cliente.

E os sojicultores brasileiros continuam se superando, devendo bater um novo recorde de produção em 2020/21: mais de 136 milhões de t.

MILHO

O grão mais produzido e comercializado no mundo é o milho, que é o segundo grão mais cultivado pelo agronegócio brasileiro.

Depois de obter significativo crescimento de produção nos últimos 20 anos, o Brasil passou a ser, em 2019, o maior exportador mundial.

Em 2020/21, a produção nacional de milho bateu recorde, atingindo 108,2 milhões de t.

CANA-DE-AÇÚCAR

Também é importante na pauta de exportações do agronegócio brasileiro o Complexo Sucroenergético, cujos produtos são oriundos do cultivo da cana-de-açúcar.

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial do açúcar derivado dessa planta, além de ser o segundo maior produtor mundial de etanol.

E o país nunca comercializou para o exterior tanto açúcar como em 2020: 30,8 milhões de t.

Açucar
Cana de açúcar

O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, que é matéria-prima para a produção de açúcar e etanol

CAFÉ

Outro produto do agro brasileiro que é sinônimo de tradição é o café. O país é o maior exportador e maior produtor mundial desse produto há 150 anos - o Brasil responde por um terço da produção do planeta.

E o café foi responsável por outro recorde brasileiro em 2020. As exportações brasileiras do grão atingiram 44,5 milhões de sacas de 60 kg, considerando a soma dos produtos verde, solúvel e torrado & moído.

Mas o sucesso do Brasil na produção e exportação de produtos como soja, milho, açúcar e café não é fruto do acaso. Diferentes fatores contribuíram para o crescimento do agronegócio no Brasil ao longo das últimas décadas, como: 
  • Apoio governamental;
  • Investimento em pesquisa e desenvolvimento;
  • Incorporação de novas tecnologias e manejos produtivos;
  • Abertura de novas fronteiras agrícolas, como o cerrado e o Matopiba;
  • Expansão da demanda externa por produtos agrícolas, além do fortalecimento da demanda interna;
  • Disponibilidade de crédito rural;
  • Surgimento interno de um setor forte de fornecimento de insumos, máquinas e tecnologias agrícolas;

Produtores rurais cada vez mais interessados em inovações.


Tecnologia
Tecnologia agrícola 

Equipamentos com tecnologia embarcada levaram maior eficiência para as operações no campo

Incorporação tecnológica do agro: da agricultura 3.0 às ferramentas digitais

O processo de transformação do agronegócio brasileiro tomou corpo com o surgimento da Agricultura 3.0, caracterizada pela agricultura de precisão e pela busca de práticas cada vez mais sustentáveis.

Foi importante para conferir a precisão nas operações a utilização do GPS em máquinas agrícolas.

Essa ferramenta trouxe para o campo a possibilidade de elaborar mapas detalhados da lavoura, com base em amostras do solo georreferenciadas, e outras informações relevantes como uso de taxa variável.


Tecnologia 4.0: A agricultura brasileira passa por um acelerado processo de digitalização

Mas, no início dos anos 2000, a modernização da produção agrícola deu um novo salto. Em conexão com a agricultura digital, passaram a ser usadas máquinas mais modernas, veículos autônomos, drones, robôs com sensores.

Nasceu a agricultura 4.0, marcada pela automação, conectividade e geração de dados sobre a atividade agrícola, permitindo maior precisão, acuracidade e assertividade nas decisões tomadas no dia a dia do campo.

Nesse contexto, o campo passou por um processo acelerado de digitalização, que incorporou tecnologias como IoT, Inteligência Artificial, robótica, Big Data, dentre inúmeras outras ferramentas que surgem a cada dia no setor, voltadas a levar maior eficiência, produtividade e redução de custos com a lavoura.

Dentro desse processo acelerado de incorporação das tecnologias 4.0 através da aceleração do agronegócio no Brasil, surgiu a agricultura digital, caracterizada pela utilização dos dados coletados da agricultura para melhorar o gerenciamento da lavoura.

Mas, ao longo dessa jornada de desenvolvimento do setor, um fator tem sido fundamental para o desempenho cada vez melhor do agro brasileiro: o protagonismo dos agricultores. Eles têm gerido suas lavouras com profissionalismo cada vez maior, com o propósito de aperfeiçoar os resultados do negócio.

Investem em capacitação, aliam práticas modernas com respeito ao meio ambiente, realizam testes de campo para entender melhor seus ambientes de produção e não têm medo de buscar inovações para tirar o máximo de cada metro quadrado da fazenda.

A digitalização chegou para ficar no agronegócio brasileiro

Qual é o futuro do agronegócio do Brasil?

Se nos últimos 50 anos, o agronegócio brasileiro cresceu e se tornou um importante fornecedor de alimentos e fibras para o mundo, no futuro esse processo tende a se acelerar, em sintonia com a expansão da demanda global – estima-se que a população mundial atinja 8,5 bilhões de pessoas em 2030.

Mas os ventos que impulsionaram o agronegócio brasileiro a partir de 1970 serão outros ao longo das próximas décadas.

Confira alguns fatores que influenciarão diretamente o futuro do nosso agro:
Agropecuária mais sustentável

As inovações científicas e o uso de novas tecnologias são essenciais para aumentar a produção, mas com maior sustentabilidade. A cobrança por atividades agropecuárias com baixo impacto ambiental e social tende a ser cada vez mais forte, especialmente por parte do mercado internacional.

A agricultura e a pecuária devem ter maior protagonismo na luta contra as mudanças climáticas, por meio da incorporação de práticas e tecnologias que permitam a redução das emissões de gases de efeito estufa, como plantio direto e rotação de culturas.

Modernização da gestão do agribusiness

A evolução do mercado vai exigir cada vez mais profissionalização das empresas familiares.

Nos últimos anos, existe um forte movimento de governança corporativa e modernização dessas empresas, o que tende a ganhar mais força no setor nos próximos anos, gerando oportunidades de desenvolvimento dos negócios e novos procedimentos corporativos.

Incorporação de novas ferramentas tecnológicas

O setor das agtechs vai crescer ainda mais, acelerando no agronegócio a incorporação de novas ferramentas tecnológicas, como a ciência de dados, IoT, Big Data, robótica, veículos autônomos, Inteligência Artificial, mapas e imagens de satélites, Machine Learning, em sintonia com um movimento ainda mais forte de transformação digital.

Máquinas automatizadas e teleguiadas, individualização do gado para melhor tratamento durante a engorda, análise dos dados por imagem com recursos da Nasa e domesticação microbiológica são alguns dos temas ligados à tecnologia que prometem modificar de vez o setor.

Avanço da biotecnologia

Produzir mais com menos pautará, cada vez mais, o agronegócio. Para tanto, as tecnologias estarão focadas em genética avançada, melhoria da eficácia de uso dos recursos de produção, e manejo inteligente dos fatores redutores de produtividade.

Nesse contexto, a biotecnologia propiciará novas variedades geneticamente modificadas, permitindo avanços em proteção de culturas e ganhos de produtividade, advindo, por exemplo, da diversificação das tolerâncias a herbicidas em variedades produzidas com esse tipo de tecnologias, em culturas como soja, milho e algodão.


Pode-se projetar outras conquistas nessa área, como a introdução de características de tolerância à seca na soja e no milho, e de aumento de biomassa e a proteção contra insetos na cana-de-açúcar.

O agro no pós-pandemia

O mundo depois da Covid-19 também deverá exigir mudanças do setor agropecuário. Novos mecanismos de intercâmbio entre países passarão a ser adotados tendo em vista a pandemia, com maior controle sanitário e tecnologias de rastreamento.

No Brasil, 36% dos agricultores já usam ferramentas online


Para produzir mais e melhor, o agronegócio brasileiro sempre está pronto as inovações. Estima-se que os alimentos embarcados pelo Brasil sejam responsáveis pela alimentação de cerca de 800 milhões de pessoas ao redor do mundo.

Mas isso só tornou-se realidade porque, ao longo dos últimos 40, 50 anos, a sociedade brasileira entendeu que investir no agronegócio no Brasil é estratégico para o país.

O setor apenas é responsável, hoje, por cerca de um quarto das riquezas geradas no Brasil porque o produtor brasileiro aceitou ingressar de vez na agricultura moderna, o que significou aprimorar a gestão e apostar no desenvolvimento tecnológico.

Apesar disso, os desafios do agro continuam, como continuar aumentando a produção pelo crescimento vertical da lavoura, tornar o negócio cada vez mais sustentável, reduzir custos, investir na qualidade da produção e da distribuição.

O bom é que o agricultor pode contar com vários aliados tecnológicos para encarar esses desafios, como a agricultura de precisão, a Inteligência Artificial, o IoT, a robotização e os drones, o Big Data, a agricultura digital etc.

E o produtor brasileiro está cada vez mais aberto a essas inovações. Somente como exemplo, um estudo da Embrapa e da McKinsey mostra que a agricultura brasileira é mais digital que a norte-americana. No Brasil, 36% dos agricultores usam ferramentas online, contra 24% nos EUA.

Além das citadas acima, o agro brasileiro já está pronto para acolher outras novidades tecnológicas que estão a caminho. Afinal, temos “um mundo” para ajudar a alimentar.







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